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terça-feira, 4 de setembro de 2018

SUNSET GLOW - PARTE 2



Ao escutar aquelas palavras minhas pernas pararam de seguir seu percurso, meu corpo ficou paralisado e em minha mente sua voz ressoava várias vezes e meu coração disparou em um sentimento indiscritível de surpresa misturado com euforia e alegria, antes que eu conseguisse proferir algo, a voz ao telefone soou novamente.
– A…lô ? Cho Sun Hee ? 
– O-oi.
– Você é uma artista novata ? Sou um grande admirador da arte e não reconheci seu nome.
– Não … – Minha voz saiu fraca, a situação era um tanto quanto estranha, ser chamada de artista pela primeira vez, ser de alguma forma reconhecida, me trouxe uma paz de espírito que fez com que todo o estresse da minha semana de trabalho foi esquecida e a vontade de pintar esquentava minhas mãos.
– Eu não consigo entender como descartou aquelas pinturas. – Disse em um tom animado. – A caminho de um trabalho essas telas capturaram meu olhar e não pude deixar de conferir e no fim, não consegui deixa-las ali. – Houve uma pausa como se esperasse alguma reação minha, mas não consegui proferir nada. – Olha, eu não sou do tipo de procurar coisas do lixo, me apropriei de suas pinturas, pois não conseguiria dormir à noite, era uma expressão da arte muito magnífica para ser descartada.
– Bom, estava no lixo então não me importo que pegue-as … – Depois de uma pausa consegui voltar ao meu raciocínio, apesar do calor de alguém resgatar parte de mim que seria depositada em um lugar escuro e profundo.
– Me desculpe se meu gerente a assustou, mas eu precisava dizer que sua arte mexeu comigo e que você precisa continuar a pintar, de qualquer forma ! – Seu tom era de entusiasmo.
– Obrigada … 
– Se … eu puder ver sua coleção, eu gostaria de comprar mais algumas telas. – A angustia surgiu ao enfrentar minha realidade.
– Me desculpe … eu pinto apenas por diversão.
– Talvez seja por isso que suas pinturas são tão expressivas, o que me faz querer ver mais. -– O tom sedutor me deixou um pouco incomodada.
– Me desculpe, está tarde.
Desliguei como se estivesse fugindo, minhas pernas que estavam paralisadas arrancaram em uma corrida, adentrei ferozmente pela entrada do prédio e corri pelas escadas, todo esse monólogo discorria repetidamente e enchia a minha mente, vários questionamentos surgiam e o principal deles era o porquê. Entrei em meu apartamento como se eu fosse uma fugitiva, ofegante e desalinhada, abri uma lata de cerveja e dei um grande gole, sedenta por um frescor. Deitei no meio da minha sala, meus olhos fixaram em um ponto do teto, conforme aquele diálogo vinha, meu olhar ficava embaçado, mareado com as minhas emoções por alguém que não sabia quem eu era mas que me viu na minha paleta de cores e no formato que meu pincel traçou. Receber reconhecimento de alguém estranho trazia dois questionamentos: se realmente minha arte o cativava ou se tinha alguma outra intenção. Meus pensamentos flutuavam entre o positivo e o negativo, pois humanos são criaturas frágeis e sempre tentam se deteriorar, desconfiando e se auto rebaixando, nunca satisfeito com as situações da vida.
Em um mar de emoções e pensamentos, o som da campainha ressoou de forma mais abafada que o normal, pisquei os olhos para clarear a visão e a pálpebra sonolenta, o relógio marcava meia-noite e vinte e quatro minutos, um horário fora do comum para visitas. Ainda assim me levantei, ajeitei as roupas e caminhei em direção a porta, girei a maçaneta e pela fresta pude ver um homem alto trajando uma calça social cinza xadrez, uma camiseta branca básica, jaqueta preta de couro, um boné preto que cobria parte de seus olhos e uma máscara da mesma cor cobrindo a outra metade da face adentrou de forma exaltada quase que me atropelando. Suas mãos agarraram a parte superior do meu braço de forma forte, mas não chegava a machucar, porém me impactou e a confusão mental era grande, quem era aquele homem e o que ele estava fazendo no meu apartamento ? Teria ele se enganado ? Antes que meus lábios o questionasse, o homem misterioso se inclinou próximo ao meu ouvido e sussurrou: “Você pinta como eu pinto ?”. Abri os olhos assustada, não havia homem algum, apenas o teto branco, uma luz brilhante do dia e a leve dor nas costas de ter dormido no chão. Suspirei de alivio ao perceber que era apenas um sonho e que não havia nenhum homem misterioso sussurrando coisas estranhas, soltei um riso, fazia algum tempo que um sonho bizarro me assolava, entre esse sentimento, o relógio tímido e quase despercebido no campo de minha visão, me alertou, estava atrasada para o trabalho e nem banho havia tomado na noite passada. Saltei rapidamente e corri para a rotina esquecendo brevemente sobre o ocorrido. Na empresa a agenda estava corrida: duas reuniões e o prazo final dos projetos. Meu corpo implorou por uma pausa com o estômago a roncar de forma histérica no final da tarde, assim como meus pés esfolados pelo salto alto exigido pela sociedade sexista, suspirei profundamente, já eram oito da noite, fechei os olhos e imaginei uma bela taça de vinho após um banho quente e relaxante, levantei empolgada com o programa da noite e assim deixei meu trabalho.  
Próximo do lar doce lar, tirei os sapatos e coloquei os chinelos que estavam guardados na bolsa, o ser humano realmente precisa de conforto para sobreviver. Como de costume passei na loja de conveniência e me apossei de vários lanches noturnos para a minha festinha particular, adentrei no meu condomínio de apartamentos, cumprimentei o porteiro, conferi algumas correspondências e peguei o elevador como sempre o fazia, voltar para casa era sempre a hora mais feliz do meu dia, melhor que isso eram os feriados e as férias, tudo que me levava para longe daquela empresa. Comecei a digitar a senha da porta, ao fazer o barulho que indicava a abertura e a permissão para adentrar, uma grande mão me calou antes que eu pudesse soltar algum ganido, por um milésimo de segundo recordei do sonho da noite passada assim que o homem sussurrou:
– Me desculpe pela abordagem estranha, mas vamos conversar ao entrar na sua casa. – Me debati, mas o homem era alto e forte e não consegui fazer muita coisa, ao ser arrastada, senti uma tontura e apaguei. Em poucos minutos acordei em meu sofá, mas diferente do meu sonho o homem de boné preto e máscara preta estava ali de frente para um quadro de minha autoria pendurado na parede de minha sala, discorri os olhos pelo lugar a procura de meu celular, em segundos recordei que estava em minha bolsa e que se localizava caída próximo a porta, levantei discretamente, porém obviamente o homem percebeu. – Você está melhor ? Me desculpe o susto, mas ninguém pode saber que eu vim até aqui. -– Pensei por um momento, que aquela pessoa poderia ser um psicopata sádico. – Deixe-me apresentar direito. – O homem tirou a máscara e o boné revelando seu rosto por completo. – Eu sou Choi Seung Hyun e eu precisava conhecer a artista que pintou aqueles quadros. 

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