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domingo, 14 de janeiro de 2018

SUNSET GLOW - PARTE 1




                    Estava ciente de que ser uma artista na atualidade não era fácil, pois não bastava apenas a criatividade e a habilidade atrelados a um conceito inovador, mas sim o dinheiro. O sucesso vivendo da arte, da pintura, da expressão silenciosa de uma imagem agora dependia de cursos no exterior, conexões e muito verde. Desde pequena as cores me fascinavam, o padrão com formas ilimitadas e curvas inesperadas me encantavam, era um mundo do qual era legitimamente meu, uma viagem pelo meu ser registrada da forma mais genuinamente possível. O sentimento de estar de frente de uma tela em branco prestes a ser pintada e o cheiro de óleo das tintas me ligavam ao meu intrínseco interior, entretanto minha paixão em pintar não foi o suficiente para minha família tradicionalista aceitar como uma profissão. Para os meus pais profissões eram basicamente carreiras jurídicas, médicos, engenheiros ou qualquer cargo mais alto em alguma grande empresa. Como filha mais velha e minha maldita personalidade não consegui lutar bravamente contra os meus pais a respeito do rumo da minha vida profissional, a responsabilidade e o medo de decepciona-los era muito grande para os meus ombros, por fim acabei me tornando gerente executiva de uma multinacional devido aos contatos do meu pai. Depois de um dia de trabalho entediante, os quadros me aguardavam e a noite nos acompanhava junto a uma taça de vinho e uma doce melodia de Stravinsky flutuando pelo ar. Como pintar me acalmava, a produção era alta e infelizmente meu apartamento já não estava comportando meus quadros, o sentimento de acumuladora me atingia e se aquilo continuasse, não haveria mais espaço para que eu vivesse. Em um final de semana decidi que iria me livrar de alguns quadros por motivos de espaço, vasculhei por horas por algum que eu poderia me desapegar, refleti por muitas horas a fio e procurei por aqueles que faziam parte de um passado no qual eu poderia deixar para trás e que não fossem tão relevantes, porém quando é uma fração de você mesmo naquela mistura de tintas e linhas, um fragmento de sua história, torna-se difícil descartar para um fim tão trágico quanto o lixo. O fim poderia ter outras alternativas, mas as pessoas próximas a mim que compartilho um gosto acima da médias são muito poucas, com o cenário da atualidade agradeço de ter ao menos uma amizade sincera como minha confidente de amarguras Helena, mas a mesma já não podia receber mais um quadro produzido por mim, pois sua parede já havia um grande seguimento com pedaços de mim mesma. Muito relutante escolhi algumas vítimas, a maioria que foram embasados em um período nebuloso da minha vida, quando a depressão me atingira devido a rotina que minha família escolheu para mim, agora de alguma forma eu estava conformada e poderia me livrar dessa parte mais imatura de mim mesma. Segurei com força as seis peças que seriam abandonadas, desci pelo elevador de serviço e os abandonei na reciclagem, infantil e de forma dramática, não ousei olhar para trás e apenas subi pronta para continuar minha limpeza, agora uma parte da minha adolescência se fora assim como minha energia. No outro dia acordei sem vontade de sair da cama e ir para o trabalho, como de costume, porém respirei fundo e prossegui com a rotina, ao sair de carro, havia uma comoção em frente ao meu prédio, parei brevemente para tentar entender a comoção e uma senhora veio em minha direção e perguntou:
  • - A senhorita que jogou aqueles quadros ontem ? - Fiquei um pouco apreensiva no inicio, imaginei que havia descartado o material de forma inadequada.
  • - Sim, me desculpe se os descartei no local errado, irei fazer isso de forma apropriada … - A vergonha aumentava enquanto eu descia do carro as pressas. 
  • - Não, não senhorita, tem um homem que se interessou por elas e quer descobrir quem os pintou.
                    Aquilo de alguma forma não fazia sentido algum para mim, alguém de alguma forma interessado naquelas pinturas literalmente do dia para a noite. Vi o horário e tinha que correr para o trabalho, me desculpei, entrei no carro e adentrei novamente na minha rotina, entretanto aquele comentário, o misterioso homem me intrigou durante todo o dia. Durante alguns dias uma van preta permanecia estacionada em frente ao meu prédio, apesar de suspeita, demorei para perceber e não questionei sobre, relacionando todos os fatos apenas quando desci para ir na loja de conveniência conseguir alguns aperitivos para a noite, e ao ser abordada por um homem que saiu da van preta suspeita. 
  • - Moça, preciso falar um instante com você. - Tentei ignorar, mas o homem foi insistente e segurou em meu pulso. - Por favor ! Não sou um tarado, só preciso saber quem pintou aqueles quadros! - Era sobre aquele assunto novamente.
  • - Por qual razão ? - Proferi em um tom irritadiço.
  • - Meu amigo é um grande admirador da arte e ao passar por aqui ele viu os quadros abandonados e agora ele precisa saber quem os pintou, parece ser algum autor desconhecido, seria algum conhecido seu que o pintou ? - Porquê alguém se interessaria por um quadro meu, a admiração de um desconhecia me trazia um calor jamais sentido. 
  • - Eu conheço … - Proferi em um tom mais baixo que o desejado.
  • - Poderia por favor me passar o contato dessa pessoa ? - Por impulso acabei passando o contato, no caso meu número de telefone. - Muito obrigado, muito obrigado ! 
                    Me senti estranha diante de toda aquela situação, corri para a conveniência, precisava de algo alcoólico para digerir o acontecido, no caminho de volta para casa, meu celular tocou e um número estranho era mostrado, me veio ao pensamento que já poderia ser o admirador secreto, hesitei um pouco, mas atendi.
  • - Alô ? 
  • - Alô ? Cho Sun Hee ? - Uma voz animada e de certa forma familiar estava do outro lado da linha.
  • - S-sim.
  • - Meu nome é Choi Seung Hyun e me apaixonei pela sua tela.

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