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sábado, 23 de janeiro de 2016

Unscrumble - Cap. 0

* História original de contexto homossexual.


                    Lembranças do passado me perseguem, grudou em mim e nunca mais consegui soltar. Tive de me afastar e a distância era insuportável, tentei ocupar minha mente conhecendo pessoas novas e fingindo que elas eram alguém para mim. Ainda assim ele me perseguia, causava turbulências em minha mente sempre que me encontrava sozinho, não havia ninguém para ser culpado além de mim mesmo, todas essas emoções nasceram de mim e permaneceria até algo em mim poder dissolver o sentimento no qual meu coração se agarrava desesperadamente, mesmo sem poder ver um fim ou um meio. Toda essa comoção foi vivida por mim no último ano do ensino médio, meu pai Matsunaga Takashi foi transferido para gerenciar uma filial da empresa no qual trabalha, Ohta SA nos Estados Unidos. Possuo dois irmãos mais velhos, Shizuka e Syaoran, os dois são gêmeos fraternos, possuímos quatro anos de diferença. No geral nos damos muito bem, Shizuka é bem reservada e cumpre o papel de irmã mais velha, sempre cumprindo com louvor todas as suas responsabilidades, possuindo gostos refinados, como atração por pintura, música clássica e livros, sempre usava vestidos como se fosse uma ojou-sama. Meu pai não era pobre, mas normalmente ojou-sama são de famílias nas quais o pai detêm os meios e os bens de produção e meu pai era um subordinado deste. Enfim, minha irmã Shizuka era uma figura de perfeição, podia-se dizer “entediante”, todas as manhãs se sentava em sua penteadeira e escovava seus longos cabelos negros, arrumava a franja com uma tiara ou com alguma presilha, logo depois cuidava de sua pele - a qual parecia nunca ter visto a luz do sol - . Meu irmão Syaoran era realmente o mais velho, nascido minutos antes da Shizuka, ele era bem normal, gostava de baseball principalmente, possui um tom de voz um pouco mais alta que o necessário, estava sempre com amigos, dificilmente estava sério ou pessimista, seu cabelo castanho escuro estava sempre desarrumado, provocando sempre os nervos de minha mãe Ayaka. Sua personalidade é equilibrada, ficando brava quando deve e elogiando nas situações certas, sua vaidade não deixava sua idade transparecer, aprendi sobre estilo com a minha mãe e agradeço todos os dias por isso. Meu pai era um típico trabalhador japonês, só se vestia melhor por intervenção da minha mãe. Eu, Matsunaga Kaito, possuo uma família grande, nunca sofri problemas maiores por conta deles, como alguém drogado, sofrendo com alcoolismo, pedofilia, corrupção ou violência doméstica. A mudança também não nos trouxe problemas nas relações sociais, pelo contrário eu possuía muitos amigos e nenhum de nós sofreu bullying. Toda a turbulência dentro de mim era particular, era causado por mim em função de alguém que ficara no Japão, a pessoa das minhas lembranças e detentora de todo o meu ser, um amor controverso e precoce que precisava ser revisto. Nishiyama Daisuke. Meu amigo e amor de infância. Nossas famílias eram amigas desde antes do nosso nascimento, ele também possui dois irmãos, Nishiyama Meiko apenas alguns meses mais velha que Syaoran e Nishiyama Yuki um ano mais novo que Shizuka. Daisuke e eu tinhamos a mesma idade e até parecia que minha mãe Ayaka e sua mãe Sayu haviam combinado na hora de ter os filhos. Finais de semana, feriados, vizinhança, passado, tudo era compartilhado entre a família Matsunaga e a Nishiyama, então Daisuke existia por toda minha memória. Não sei exatamente quando minha atração por ele começou pois estávamos sempre juntos, sua figura era delicada, quase uma menina, então no jardim eu o seguia com o desejo de protegê-lo dos outros meninos que riam de seu cabelo claro e longo. A mãe de Daisuke era alemã, então ele herdara algumas características exóticas, das quais eu nunca mais achei mais bonitas. Nosso primeiro beijo foi aos três anos e registrado por nossas mães, naquela idade a inocência transbordava e senti algo diferente no final do ginásio apenas, enquanto fugíamos de uma  chuva após as atividades do clube, nos escondemos da água atras de uma loja de conviniência embaixo de um grande toldo da área de entrega de produtos, nos agachamos ali para esperar a chuva passar, Daisuke estava tremendo de frio, envolvi meus braços pelo seu corpo e com nossos rostos próximos, pude ver suas bochechas vermelhas, mechas de cabelo encharcados caídos sobre sua testa e seus olhos, eram de um cinza claro e brilhante, como uma bola de gude, meu coração batia tão alto que apenas o calor da sua voz me atingiu. Não aconteceu mais nada, porém aquela sensação, se eu fechasse os olhos poderia lembrar de todos os detalhes, éramos novos e ambos meninos, a coragem para algo mais era apenas um suspiro. Nunca fui bom em me expressar, tratando tudo com pouca seriedade, o que as pessoas ao meu redor, somado a minha aparência acreditava ser estiloso, então naturalmente minha personalidade atraia pessoas, principalmente no ensino médio minha popularidade estourou, até fui convidado como modelo para uma revista adolescente e foi nessa época que Daisuke começou a de certa forma amadurecer suas feições e mudar suas atitudes perante a mim. Sua delicadeza permanecia, porém era perceptível o crescimento de seu corpo, seu cabelo estava um pouco mais curto, porém o repicado e o brilho harmonizava seu rosto, tornando seu brilho maior ainda para mim. No começo dos nossos dezesseis anos garotas me rodeavam e sem perceber fui me afastando de Daisuke, desencadeando nossos mais profundos sentimentos. Naquela época ficamos quase um ano inteiro sem nos falar, não por termos brigado, mas sim por inconveniência de momentos, sempre rodeado de amigos, garotas e compromissos, Daisuke em toda sua vida teve dificuldade nas relações sociais, se tornando cada vez mais fechado e frágil. Sua personalidade era tão transparente que faziam meus nervos tremerem, todos que se aproximavam dele era um medo para mim, não configurava simples ciúmes, pertencia a algo mais profundo, o qual nem eu mesmo entendia ainda. Já na faculdade, minha família retornou ao Japão, estávamos retornando para o mesmo país, a mesma cidade e a mesma casa. Já no avião minha mãe e meus irmãos falavam calorosamente e alto demais sobre os Nishiyama, a dor em meu peito indicava a não preparação do meu coração, o Japão estava longe e meu pulmão cheio de um ar sufocante. Eu veria Daisuke depois de três anos sem contato algum, não saberia como encara-lo e nem explicar o porque de minhas ações. 

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